Nossas Dádivas
O sol buscava a linha do horizonte, e o manto escuro da noite já se espalhava pelos campos, quando o trabalhador deixou a lavoura e tomou o caminho de volta para casa.
Caminhava a passos largos com a colheita do dia às costas, quando notou que em sentido contrário vinha luxuosa carruagem revestida de estrelas.
Contemplando-a fascinado, viu-a parar junto dele e, quase assustado reconheceu a presença do Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a mão a pedir-lhe esmolas...
- O quê? - refletiu espantado. - O Senhor da Vida a rogar auxílio a mim que nunca passei de mísero escravo na aspereza do solo?
Mas como o Senhor continuava esperando, mergulhou a mão no alforje de trigo que trazia e entregou ao divino pedinte apenas um grão da preciosa carga.
O Senhor agradeceu e partiu.
Quando, porém, o pobre homem do campo voltou a si do próprio assombro, observou que doce claridade vinha do alforje poeirento...
O grão de trigo, do qual fizera sua dádiva, tornara à sacola transformado em uma pedra de ouro luminescente...
Deslumbrado gritou:
- Louco que fui!... Por que não dei tudo o que tenho ao Senhor da Vida?
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